No decorrer da história do cristianismo, Fé e Política sempre estiveram juntas. Os cristãos, fiéis aos ensinamentos da Bíblia, entendiam que a Fé tinha que se desdobrar em ações sociais e políticas que interferissem na organização da sociedade. O que se discute na atualidade é a forma como se articula Fé e Política e suas consequências. Os profetas foram cristãos político-críticos das injustiças e dos explorados.
No Brasil, a Igreja tem incentivado a participação efetiva dos cristãos em conselhos paritário, grupos, movimentos e organizações coletivas que visem à transformação da sociedade, pela via da ação política. Quem segue Jesus compromete-se com sua causa: a construção do Reino de Deus, e essa construção passa pela ação política.
Por isso, os leigos e leigas devem ter participação efetiva e virtuosa na construção de uma política concomitante com as propostas do Evangelho e do Reino de Deus.
E os padres, os Ministros Ordenados? Pe. Evaldo César de Souza, CSsR responde
É certo um padre, durante a homilia, falar sobre política?
Não só é certo, como também é um dever do bom padre orientar seus fiéis sobre a melhor forma de exercer, com cidadania e respeito, a vida política. A Igreja, como qualquer outra instituição, é envolvida pela vida política e faz política. Precisamos ter em conta que a vida humana, desde seu nascimento até sua morte, é uma vida política, ou seja, uma vida que é orientada pelas escolhas sociais, que podem gerar vida ou morte.
É preciso também ficar claro que falar de política não quer dizer fazer campanha partidária para este ou aquele candidato. O Altar nunca pode ser transformado em palanque, defendendo interesses de algum grupo específico. O papel político da Igreja é orientar seus fiéis para as melhores escolhas, inclusive na hora das eleições. A igreja precisa ser clara ao afirmar que a verdadeira política deve ser construída com ética e justiça, pensando nos mais esquecidos e abandonados. Também é papel da Igreja discutir sobre os problemas sociais que afetam as pessoas, como a falta de moradia, saúde e educação. Basta ver aqui no Brasil as Campanhas da Fraternidade. São momentos extremamente políticos, pois a cada ano somos convidados a refletir sobre algumas realidades que ferem a dignidade do povo, como, por exemplo, a exclusão, o abandono dos idosos, a falta de moradia e outros.
Nesse ponto, os cristãos seguem com clareza os caminhos do evangelho: Jesus sempre esteve preocupado com a qualidade de vida de seu povo, não somente com a vida espiritual, mas com o dia a dia. Se lermos o evangelho, vamos observar que Jesus foi uma pessoa que fez uma opção política em favor dos mais abandonados da sociedade. Pelos pequenos e pobres ele nunca temeu discutir com autoridades e mandatários e enfrentou a morte por causa de suas palavras e ações. O serviço cristão é mais que caridade, é envolvimento, adesão e luta pelo respeito ao ser humano. Ser um cristão, com a consciência política formada e clara, é caminho que vamos construindo com fé e amor. É isso!
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