Por Seny Felix da Silva*
Isaías 62, 1-5
Na primeira leitura vemos a fala profética de Isaías, que nos revela um Deus que ama profundamente seu povo apesar de seus defeitos e falhas, e ainda assim a ama e que deseja para ele a Justiça e a salvação.
Todo o passado de desolação e abandono já não mais existirá porque o próprio Senhor a recebe, tal qual a esposa é recebida pelo noivo, não só recebida, mas recebida com amor, alegria e festa. O paralelo do amor de Deus para com Jerusalém e de Deus com seu povo, na alegria e na festa. Nosso Deus é um Deus festeiro. Festejar é próprio de quem ama!
Mas a festa só existe porque há: Amor, Justiça e Salvação. Eis o motivo da Festa!
Vivemos tempos sombrios, falta-nos hoje vozes proféticas que não se calem, clamando por Justiça e salvação para todos, para o povo amado Deus que sofre nas agruras da vida, precisando ter sua dignidade restaurada, e assim então possamos proclamar uma linda festa!
Não dá para falar de festa sem dignidade à pessoa humana. Todo cristão é pelo batismo profeta, sacerdote e rei. Precisamos agir com a natureza recebida no batismo e ser profetas diante de tantas injustiças, que da boca de todo cristão batizado possa se ouvir um clamor por Justiça até que haja Justiça como um clarão e a salvação como uma tocha (v.1)
Possamos nos lembrar que em meio aos nossos abandonos diários, Iahweh é nossa esperança é Aquele que nos acolhe, nos restaura e nos dá salvação e justiça.
Salmo 96 (95)
Como resposta a primeira leitura, tem o salmo que nos convida ao louvor a Deus que é Rei e Juiz, mas não é um juiz e rei qualquer: É Aquele que governa os povos com retidão (V. 10) faz maravilhas pelo seu povo, é digno de todo louvor. Somos convidados a tributar a Iahweh a glória de seu Nome!
Outro dado importante nesse salmo é: Ele Vem!!!! E vem para julgar a terra com justiça e verdade!!!
Que nós possamos nos juntar ao salmista e que o céu se alegre, a terra exulte, estronde o mar, o campo exulte e as árvores da selva gritem de alegria, pois Ele vem!!!!
Qual ser não exultaria ao saber que o ser amado Vem? Alegremo-nos.
I Cor 12, 4 -11
Nesta segunda leitura somos alertados que há um único Espírito, embora diversos dons e carismas sejam derramados em nós, o Espírito é o mesmo (V. 4) embora tenha diversos modos de ação ( v. 5) é o próprio Espírito de Deus que realiza tudo em todos.
Um ponto chave para esta leitura é o fato de que independente do modo de ação, todos os dons são recebidos para a Utilidade de todos.
Receber os dons do Espírito Santo, seja lá qual seu dom, não o faz melhor, nem maior que ninguém. Por o dom é para o serviço.
Você tem dons? Sirva! Sim, dons precisam ser postos a serviço de todos.
Dons não são para a van glória pessoal. A glória, o dom é de Iahweh e não seu, e Ele distribui a quem lhe apraz (v. 11), a nós, cabe colocar todos os dons e talentos recebidos a serviço do Reino.
Jo 2, 1–11
Este domingo é o domingo do casamento, da alegria e da festa. Podemos acompanhar isto nas leituras anteriores.
É a história de um Deus enamorado pelo seu povo, é uma história linda de amor e acolhimento.
Temos nesta perícope a narrativa de um casamento, começa declarando que Maria está lá, no entanto Jesus e seu discípulos foram convidados, é a primeira vez que temos uma narrativa de Jesus acompanhado por seus discípulos.
Uma perícope carregada de vários simbolismos, temos Maria, temos as 6 talhas, (talhas que serviam para a purificação dos Judeus e estavam vazias), temos Jesus, o Mestre Salas, os servos.
Um casamento é uma aliança, assim como na primeira leitura nos fala de Iahweh recendo a noiva com alegria e festa.
Nesta cerimônia, falta o vinho, um simbolismo bíblico para a alegria. O responsável pelo serviço da festa, não percebe sua falta. Aí surge a figura de Maria, conhecedora do problema, preocupa-se e sai em busca da solução, chega ao filho e diz: Eles não têm mais vinho. ( v.3) .
A resposta de Jesus pode nos parecer grosseira, se não levarmos em conta, questões idiomáticas; se hoje chamar uma Mulher, apenas por “Mulher” nos soe grosseiro, ainda mais esta sendo sua mãe. Não podemos cair no anacronismo e olhar para a cena do passado com os olhos e os termos linguísticos de hoje.
E mesmo após o alerta de Jesus de ainda não era sua hora, sua mãe, aqui, representando não a Mãe, mas sim a discípula, mas nós (o povo que serve) e busca o bem-estar de seus próximo diante das dificuldades e sabendo que Jesus pode resolver, clama por sua ajuda e nos convida a obedecê-lo. Assim como fez com os servos, fazei tudo o que Ele vos disser.
A festa poderia acabar em vergonha. Graças ao anúncio de Maria, a obediência dos servos ao encher as talhas, e o autor nos diz que encheram até a borda. O milagre se fez!
Anúncio, obediência e cumprimento da missão com excelência dão origem ao primeiro sinal de Jesus em público, sinal percebido primeiro pelos servos.
O mestre-sala, ele que deveria saber das coisas, não tinha tomado conhecimento da falta e agora também não sabia de onde vinha um vinho tão bom e rende um elogio ao noivo.
A narrativa concluí que seus discípulos creram nele.
Hoje como está nossa percepção dos problemas do nosso próximo? Sou o mestre salas, cômodo na minha posição de organizador sem dar atenção, de fato, aos problemas que o cercam. Ou sou Maria, atenta ao sofrimentos do povo amado por Iahweh e saio na busca da solução no anúncio libertador de Jesus e exortando o povo para que o obedeçam, na certeza de que Ele É: a justiça, a paz, o amor e a alegria de que precisamos para viver.
Nossa evangelização, nosso anúncio tem sido motivo de alegria para os irmãos em sua ação pastoral? Na sua vizinhança? No seu trabalho?
Ou o anúncio é de Deus opressor, julgador, que não dá alegria e que não restaura a dignidade do sofredor?
Este domingo é um domingo onde a tônica do início ao fim é que Iahweh é um Deus que ama, e um Deus que quer nossa alegria e alegria plena e completa.
É um Deus que vem!!!! Vem ao encontro do povo pobre e sofredor. Vem ao encontro do necessitado. Vem e se faz um de nós por amor! Para resgatar nossa humanidade e para nos levar para mais próximo de Deus.
Obedecemos a Jesus, enchemos as talhas vazias, e elas se transformarão em vinho bom e nossa alegria será completa.
É Jesus a causa da nossa verdadeira alegria!!!!
__________
Seny Felix*
Especialista em Ensino Religioso
Licenciada em Sociologia
Deixe um comentário