Estupefato! Revoltante! Não se pode definir de outra forma as declarações da primeira dama do governo de São Paulo, Bia Dória, em entrevista à socialite Val Marchiori e publicada em rede social quinta feira, 2 de julho. Nesta, afirma que não se deve doar marmitas às pessoas em situação de rua, pois isto as acomoda.
Não se pode dizer que esta seja uma avaliação técnica. Desconhecemos a qualificação da primeira dama para tanto. Nada se sabe de alternativa contrária oferecida aos nossos irmãos e irmãs de rua. A caridade de iniciativa privada é, muitas vezes, a única solução à fome eminente. Único alento.
Não! Bia Dória nada apresenta como alternativa em oposição à caridade de algumas almas de boa vontade. Ventila a necessidade de que estes nossos irmãos e irmãs devem sair das ruas. Entretanto, sabemos que o procedimento de seu marido, João Dória, em relação à população em situação de rua é a faxina social. Os albergues estão cada vez mais lotados, com menos recursos.
Se não temos uma alternativa exceto a caridade, fica marcante a fala infeliz da esposa do governador. Desperta-nos a pergunta: a solução para diminuir o número destes abandonados seria não mais alimetá-los? Sem avaliar os motivos, as psicopatologias, sem olhar humanamente. A solução é reprimir! Ser intolerante! Negar o inevitável: há pessoas em extrema miséria, sofrendo de psicopatologias, jogadas nas periferias existenciais. Marginalizadas, criminalizadas, desumanizadas. Sofrem de fome, frio e toda sorte de abandono. Outrossim, a solução é negar o pouco auxílio que lhes resta.
Ante ao pronunciamento bárbaro, resta-nos a oportuna sentença do saudoso antropólogo Darci Ribeiro: “A elite brasileira é a mais nogenta que se conhece”.
Hermes de Abreu Fernandes
Karina Moreti
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