TVs católicas, ou iniciativa privada de comunicação?

Por| Hermes Abreu

Não são raras as surpresas que se nos revelam as novas mídias. As chamadas Tvs católicas, pouco – ou quase nada – tem em comum, ou melhor, em comunhão com o mister da Igreja no Brasil.

Estive acompanhando estas emissoras. No tempo em que me dediquei a assistir às programações, nenhuma delas fez menção ao Sínodo da Amazônia. Estranho, não? Fato: o Sínodo porvir é prioridade no pensar, agir e celebrar da Igreja. Outrossim, as ditas TVs católicas, apresentavam desde seus teleshops da fé, até novenas das mais diversas e sortidas, (algumas que nunca ouvi falar). Entretanto, sobre o Sínodo: silêncio!

Outra questão que me chama a atenção, é a negação categórica da desigualdade social em suas programações. Seria como se estas emissoras varressem – para baixo do tapete da alienação -todas fraturas sociais, toda pobreza, sofrimento de nosso povo brasileiro. Ao contrário! Sempre imagens de famílias lindas, sorridentes, prósperas, enfim: o sonho americano.

Sem querer bancar o progressista chato, alcunha que me impuseram e não me pesa; devo advertir que esta pragmática do boicote, está mais para protestantismo velado, do que afirmação de identidade pastoral. Uma coisa é a identificação de alguém por este ou aquele movimento eclesial, outra, é negar que exista formas diversas de ser Igreja, fora a nossa. A isto se chama sectarismo, não identidade. E o que separa, não vem de Deus.

Devo ainda insistir: os pobres, os feridos, os sofredores – todos os pequeninos – são os prediletos de Jesus. É sobre estes que o Sínodo da Amazônia, entre outras demandas ameríndias, deseja tratar. O silêncio sobre o Sínodo da Amazônia, é silêncio face ao sonho de Jesus. Contextualizando com a mensagem evangélica, ele mesmo nos exorta: “Quem não está comigo, está contra mim”. (Mt 12, 30). Daí, fica-nos a pergunta: Tvs católicas, ou iniciativas privadas de comunicação?