Por| Hermes Abreu
Hoje tive um tempinho para um filme. Não vi algo novo. Revi uma ficção científica que vira há algum tempo.
Em meio ao filme, brotou-me algumas analogias que se pode inferir do película Distrito 9.

Alienígenas chegam a terra. Sua nave está quebrada, não têm como voltar ao seu planeta. Resultado: os mesmos engrossam avassaladoramente a população. Em consequência, os Alienígenas são mantidos em situação de favelização.
Pobreza, situação degradante, descaso dos poderes públicos. Ao contrário de se buscar a dignidade da vida dos alienígenas imigrantes, os mesmos são forçados a desocupar a área em que vivem, sob coação e violência, e se fixar onde lhes seria ordenado.
Qualquer semelhança com a vida não fictícia, é mera coincidência. Ou não.
Muitos são nossos migrantes e imigrantes indesejáveis. Muitos são forçados à favelização. Os descasos com a dignidade da vida acontecem todos os dias na vida real. O que difere é que não são alienígenas indesejáveis, mas humanos indesejáveis.
Outra semelhança com o filme, é o que acontece com o personagem principal. Quando acaba se identificando com a angústia dos extraterrestres, o mesmo passa a ser excluído do consciente humano e tratado como inimigo. A criminalização daqueles que lutam por dignidade e justiça é fato em nossos dias. Vê-se o caso de nosso célebre Padre Júlio Lancelotti que, por amar e defender os favelalizados e excluídos, tem sua índole questionada, vida ameaçada, liberdade tolhida.
Cabe pensar: que mundo é este onde os que não estão no universo do consumo, não são providos dos bem necessários à dignidade humana, são tratados como descartáveis, indesejáveis, excluíveis? Outrossim, aqueles que ousam defendê-los, são criminalizados e também perseguidos?
Não, não falo mais de uma ficção científica. Este é nosso mundo, mais desumano que ficção extraterrestre.
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